Stress e o desenvolvimento pessoal II
No meio deste ciclo, alguns param para pensar, e fazem raciocínios simples e lógicos:
‘Se continuo a fazer as mesmas coisas vou ter os mesmos resultados’ (adaptada da reflexão de Einstein);
‘Quero viver e não apenas sobreviver’
‘O que posso fazer de diferente para me sentir melhor?’
E surge a necessidade de olhar para si mesmo, conhecer-se, perceber o que quer verdadeiramente, quem é. Sim porque muitas vezes andamos a ser quem os outros querem ou esperam que sejamos.
O desenvolvimento pessoal surge desta necessidade, de sermos mais felizes, mais realizados.
Desenvolvimento implica mudança, crescimento e evolução de um estado para outro, mais adequado e benéfico para o indivíduo.
A mudança deve iniciar-se pelo próprio, ser da sua iniciativa. A primeira fase é a avaliação com vista ao conhecimento, depois definem-se as acções de transformação e que produzem melhores resultados. E escrito assim parece tão simples…
É um processo verdadeiramente desafiante. Elisabeteh Kübler-Ross descreveu as fases de mudança ao longo do tempo. No seu trabalho identifica as seguintes fases: negação, aceitação, experimentação, consciencialização, procura e integração.
Mudar é uma tarefa enorme, muitas pessoas não estão satisfeitas com a sua vida mas vão encontrando justificações para permanecer onde estão. A chamada ‘zona de conforto’ é isso, o conforto do conhecido.
O nosso cérebro esta programado para poupar energia, adora rotinas por isso mesmo, logo, um novo hábito é automaticamente questionado… difícil de implementar por isso mesmo, consome energia. Isto trás dificuldades em realizar as mudanças necessárias. As ‘zonas de conforto’, embora por vezes sejam muito ‘desconfortáveis’, levam a que existam comportamentos que as pessoas gostariam de modificar ou mesmo deixar, mas continuam a repeti-los por inércia ou medo.
Para nos desenvolvermos precisamos de proceder à avaliação inicial, perguntar quem somos, onde estamos para onde vamos. A seguir adquirir conhecimento sobre o que podemos fazer para passar a acção, observar as transformações e os resultados. Depois voltamos ao início! isto é um ciclo ou melhor uma espiral, onde o ponto de partida seguinte é mais elevado do que o inicial.
Auto-conhecimento significa ficar familiarizado com os nossos processos que se desenvolvem a um nível inconsciente, basicamente é torna-los conscientes.
Quando falamos de mudanças, novos hábitos as pessoas assustam-se – a tal zona de conforto ataca em toda a sua força – mas essas mudanças não precisam ser radicais, podem ser pequenos ajustes à rotina e que trazem melhor qualidade de vida e satisfação.
Partilho um exemplo de mudança para que percebas o que digo. Obviamente que os nomes das pessoas são fictícios.
Adelaide a ‘mulher que faz tudo e sobrevive’
A Adelaide é professora, tem dois filhos, agora com 11 e 15 anos que frequentam o 5º e o 9º ano. Os jovens praticam equitação e natação um e o outro natação. Ambos andam na escola de música e nos Escuteiros. O marido da Adelaide é chefe de serviço numa empresa.
A vida da Adelaide era levar os jovens à Escola de manhã (este ano estão na mesma Escola – menos mau), voltar a casa nalguns dias, noutros ir direta para a Escola, dar aulas, ir buscar os miúdos, leva-los 3 vezes por semana as atividades, esperar uma hora no carro onde corrigia testes, preparava reuniões ou aulas, passar pelo supermercado, ir para casa, preparar refeições, tratar da casa, trabalhar nas suas aulas ou outras atividades da Escola e, cerca das 23:00, ir dormir, para no dia seguinte às 6:00 recomeçar tudo de novo. Aos fins de semana levar os jovens aos escuteiros, tratar da casa, levar os jovens à missa e prepara a semana seguinte. O marido saia cedo e chegava tarde e muitas vezes não estava no fim-de-semana, tinha deslocações frequentes em trabalho.
Conhecem algo do género?
Claro que a Adelaide andava exausta, bastava uma pequena alteração a rotina para que desabasse a chorar ou tivesse picos de tensão. Diagnosticada com depressão começou com a medicação receitada que a ajudou durante um tempo. Depois voltou tudo, ainda pior, ficou de baixa, não queria sair de casa.
Adelaide ‘a mulher que passou a viver’
Por conselho de um familiar começou um processo de desenvolvimento pessoal, avaliar quem é e o que quer foi bastante desafiante – esta mulher era mãe, esposa, professora, cozinheira, gestora, motorista, etc mas na realidade quem ela era verdadeiramente não sabia.
Gostava de ter uma actividade em que convivesse com outras pessoas e fisicamente também conseguisse trabalhar um pouco. Ajustou os horários dos filhos nas atividades, o marido começou a vir mais cedo uma vez por semana e iniciou a prática de Yoga duas vezes por semana.
Esta pequena mudança ajudou no seu processo de reequilíbrio, foi o inicio de um percurso fantástico. Hoje. Além de professora é facilitadora de meditação, participa voluntariamente em diversos projetos que visam ajudar as pessoas a meditar. Claro que as suas rotinas mudaram, passou a colocar-se no centro da sua vida, o marido e os filhos começaram a ajudar mais em todas as tarefas domesticas e afins.
Este é um exemplo de muitos, tenho a certeza que, com mais ou menos variantes encontraste semelhanças com alguém que conheces.
Claro que resumi muito a história, a Adelaide levou uns bons 6 meses a conseguir reposicionar-se mas conseguiu.
E tu também podes conseguir.